sexta-feira, 5 de junho de 2015

Taguatinga, 57 anos!

Foto: Bruna Galvão

     Quem diria que um local que já foi povoado por indígenas e depois tomado por bandeirantes e tropeiros na metade do século XVIII,  dois séculos depois se tornaria uma cidade que hoje é apontada como a capital econômica do Distrito Federal, com uma população de quase 250 mil habitantes... A amada Taguatinga!
     Com a transferência da capital do país para Brasília, no interior do Brasil, muitos operários de todo o país vieram para sua construção e vendo a capital como um lugar do futuro e de geração de empregos, muitos resolveram fazer das regiões próximas a Brasília sua morada, invadindo terras e se aglomerando em pequenos povoados. Para conter a invasão de terras, Taguatinga foi criada, em 1958, hoje completando 57 anos.
     Pouco tempo depois de sua inauguração, a cidade já possuía escolas, casas e hospitais. O crescimento populacional foi contínuo fazendo com que a cidade se desenvolvesse rapidamente. Hoje Taguatinga é uma das cidades mais populosas do DF, sendo um grande centro comercial gerando cerca de 70 mil empregos. A cidade é composta por várias avenidas comerciais, quadras esportivas, parque ecológico, feiras, fábricas de reciclagem, bancos, shoppings centers, oficinas, assim, oferecendo vários serviços a população do DF. Quem reside em Taguatinga nem pensa em se mudar e há muitos que ainda sonham em um dia morar lá! 
     Parabéns a nossa querida cidade que possui uma mistura cultural vinda de todo o Brasil, com pessoas com histórias de vida indescritíveis que queremos mostrar para vocês em nosso blog, relatando essa cidade que merece mais do nosso cuidado por ser tao acolhedora e nos servir tanto! Parabéns àqueles que buscam fazer de Taguatinga cada vez melhor, àqueles responsáveis pela sua construção e aqueles que estão diariamente trabalhando fazendo de Taguatinga um grande centro urbano e comercial!

Sabrina Freire

sexta-feira, 29 de maio de 2015

"Quê que eu vou ganhar com isso? Quantas calças vão levar?"


   É, a Luzenir não queria saber muito de papo não, o que ela queria mesmo era vender suas calças...
Luzenir Alves tem 45 anos, mora em Ceilândia Sul e trabalha em Taguatinga há mais ou menos 1 ano. Ela trabalha vendendo roupas e disse que escolheu o Centro de Taguatinga como local de trabalho por ser uma área bem movimentada. "Aqui vem pessoas de todas as partes! Você vende pra pessoas de Santo Antônio, de Santa Maria, do Gama... Pessoas de todas as partes de Brasília!" diz ela.
Banca de Roupas de Luzenir, que não gosta muito de aparecer. Foto: Sabrina Freire.
   Apesar do movimento, Luzenir diz não ter uma média de clientes por dia. Ela tem outra banca de roupas na Feira dos Goianos e afirma que trabalha no Centro por uma questão de sobrevivência.
   Formada até o segundo grau, Luzenir falou do seu interesse em fazer uma graduação e contou que, como já trabalhou em uma escolinha de Educação Infantil, o curso desejado seria o de Pedagogia. Ela afirma que até hoje não fez por conta de dificuldades financeiras.
   Como melhoria necessária no Centro de Taguatinga, Luzenir fala da segurança. Ela diz que a segurança da cidade é precária e relata 3 assaltos recentes, próximo ao local de sua banca de roupas. Apesar disso, Luzenir afirma nunca ter sofrido violência por ali, mas já roubaram seu celular em sua própria banca, sem que ela percebesse.
   Pedimos para ela resumir Taguatinga em uma palavra, mas preferiu em uma frase: "Um grande centro comercial!".

                                                                                                                                          Alexa Fortunato

Pela cor dos olhos

   
Julio Cézar em seu trabalho: Relojoaria e Chaveiro Braga! Foto: Sabrina Freire.
   Voz suave. Espírito sereno. Qualidades perceptíveis já nos primeiros segundos de conversa. Surpreendente foi saber que, seu Júlio (58) trabalha em uma das galerias do Centro de Taguatinga há 45 anos. Isso mesmo, com 13 anos veio para o Distrito Federal e confessa que nada lhe chamou atenção, até porque era muito novo. O principal motivo daquela família saída de Porto Alegre (RS), era melhorar a situação financeira. "E deu certo", afirma ele.
    Quando perguntado se a sua profissão tinha influência dos seus pais, ouvimos uma declaração um tanto curiosa. Seu Júlio tinha um relógio que vivia "enguiçando", como ele vivia em relojoarias para consertá-lo, começou a aprender a profissão, na qual denomina que aconteceu pelo acaso. Relojoeiro, atende em média 20 pessoas ao dia. 
     E você deve está se perguntando o  por quê do título da matéria. O fato é que "os  olhos são o espelho da alma", e certamente os olhos azuis de Seu Júlio dizem muito. Transmitem uma sinceridade ímpar. Mas, essa é só uma curiosidade complementar sobre ele.
    Diferente dos outros tantos que foram entrevistados, ele gosta de trabalhar naquele local e considera que o perigo começa a partir das 19h e vai até ao amanhecer. Em contrapartida, nunca sofreu nenhum tipo de violência. Quando a questão é uma sugestão de mudança para o Centro de Taguatinga, ele já começa dizendo que: "Começaram a trocar o calçamento, porém está todo inacabado e em alguns pontos prejudicam a locomoção dos pedestres". Acredita que deveria existir um estacionamento rotativo; pois independente do horário, nunca existem vagas.
     Mesmo sabendo que a cor dos olhos não denominam quem você é... Ainda fico admirada quando lembro do senhor Júlio César Braga, o homem dos olhos azuis sinceros.

Brenda Brandão

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Na alegria, na vontade e no perigo. Aliás, que perigo?


     Infelizmente, o centro de Taguatinga vem tendo como principal característica a insegurança e o aumento do número de moradores de rua e usuários de drogas. Muitos têm medo de circular à vontade por ali, mas há aqueles que não têm medo algum! Uma dessas pessoas é  Israel Jesus Silva, vendedor de trufas recheadas. Sem receio diz que até gosta do perigo e que não se incomoda com os comentários frequentes de assaltos pelo local.
     Demonstrando ser esperto e inteligente, Israel soube analisar bem o comércio, e sabe bem a hora em que o centro está mais movimentado, principalmente por jovens, que é seu público mais assíduo. Devido a isso, decidiu trabalhar de segunda à sábado, às 17h e só vai embora às 1h da manhã!
     De modo rasteiro, ele chega de mansinho, logo conquistando a freguesia! "Tem de morango, maracujá, ameixa, coco e chocolate! Olha a trufa! Venha saborear!", sai falando pelas ruas em busca de logo lucrar. 
Israel caminhando em busca do seu sustento e de sua família. Foto: Sabrina Freire.
     Há algum tempo, não se imaginava estar ali, mas já são 3 anos que trabalha assim. Apesar de ser um cara novo, já é pai de dois filhos, que são a motivação de todos os seus dias. Daí entendemos a ausência do medo, pois em meio a tudo, nada supera a vontade de sustentar sua família, pois seu amor por eles faz tudo valer a pena!

Sabrina Freire

50 e poucos anos...

Sebastião em seu lugar de todos os dias.
Foto: Sabrina Freire.
     "Sebastião... 50 e poucos anos...", assim diz um senhor de sorriso franco, morador de Ceilândia, Distrito Federal, há 30 anos. Trabalha no centro de Taguatinga há 20 anos, em uma lanchonete-banca-de-revista, junto com sua tia. Começa cedo, às 6h já está no ponto e às 11h vai para seu segundo emprego onde é porteiro. Voltando às 17h e só sai às 20h. 
      Como diz seu Sebastião “Comecei aqui por quê não tinha opção”. Com o ensino médio completo, trabalha de domingo a domingo e como muitos veio tentar a vida em Brasília. Quando perguntamos a ele se não tinha interesse em fazer uma graduação, ele diz: "tempo, sem tempo”, e essa é a realidade de muitos que trabalham por ali. Sebastião e Antônio, descrito no blog por Bruna Galvão, trabalham de lados opostos da avenida e essa oposição também se transmite no modo como cada um deles veem as próprias lutas, e suas diferenças estão no modo que olham o mundo. 
      Antônio já perdeu a confiança nas pessoas, não gosta muito do que faz, mas faz por que é dali que sai seu sustento, já Sebastião apenas anda conforme a sorte lhe sorri, e é feliz assim. Em 20 anos muita coisa já viu por ali, não reclama de muita coisa, ao longo desses anos tem se acostumado com os reflexos da vida urbana e de suas crises, mas uma questão tem lhe tirado o sono: os assaltos da madrugada. Diversas vezes chegou ao seu trailer e se deparou com as marcas de tentativa de arrombamento. Com isso, ao ser perguntado por algo que definisse Taguatinga, não ousou em dizer: "SOCORRO!!!”, mas não deixa de ressaltar que gosta do que faz, apesar da rotina cansativa é feliz por poder todos os dias estar em contato com diversas pessoas diferentes construindo muitas vezes grandes amizades!

Ane  Caroline da Silva

Pipocando por aí, encontramos Manoel!

Manoel Cevero em mais um dia de trabalho na Praça do Relógio.
Foto: Sabrina Freire.


     É de doce, é de sal, estourando o tempo todo as pipocas fazem sucesso na Praça do Relógio! Não há quem passe por ali e não sinta vontade de degustá-las. Por trás delas, de um jeito humilde, mas muito simpático, está seu Manoel Cevero. 
     Baiano criado no Goiás, Manoel veio parar em Brasília em 1979, se encantou com a cidade e não deu outra, ficou!  Há mais de 20 anos vende pipoca em Taguatinga e tudo começou com o fascínio do cinema! Lembra com brilho nos olhos quando começou a vender pipoca trabalhando nos cinemas do centro da cidade, os antigos Cine Lara e Cine Paranoá, fechados no fim dos anos 90. Com o fechamento dos cinemas, Manoel viu que suas pipocas não poderiam parar de estourar, permaneceu vendendo-as, mas num lugar mais movimentado, a Praça do Relógio. 
     Aos finais de semana gosta de mudar de paisagem, vai para o Taguaparque, saindo do tumulto urbano e buscando a calmaria da natureza. 
     Assim,  trabalhando cerca de 5 horas por dia, o pipoqueiro mais famoso da praça sustenta sua família e com um sorriso no rosto realiza o desejo de várias pessoas que passam por ali a partir de cada estouro, deixando doce o ambiente e com pitadas de sal, sabe bem deixar a vida com mais graça.


Sabrina Freire

Amoury, o gringo

Amoury em sua banca de roupas, localizada no Centro de Taguatinga.
Foto: Sabrina Freire.
Esse é Amoury!
Confesso: Tive que escutá-lo repetir seu nome três vezes!
- Ramon?
- Amoury! - disse ele.
- Ah, sim! Amauri - bem nordestino - pensei.
- Amoury! Amoury! 
Até que enfim entendi!
Amoury tem "dieciocho años"... Veio diretamente do Equador!
Rapagão cheio de coragem com quatro amigos se juntou...
Fizeram as malas e se mandaram,
No Brasilzão veio bater... 
Junto com ele a força de vontade, trouxe muitas coisas para vender.
Já passou por Colômbia, Argentina, São Paulo
Com seus amigos viaja, a procura de melhores condições,
Perguntei o que acha do Brasil, ele não soube responder, apenas disse que o povo é tranquilo e bom de conviver.
Morando em Taguatinga há dois meses, ali ele sempre está...
- Amoury, resuma Taguatinga em uma frase...
-Lugar mui bonito e bom para morar.

Bruna Galvão